terça-feira, 6 de novembro de 2007

Suco de felicidade instantânea: embalagem descartável...

Nada melhor do que, depois de horas debaixo do sol escaldante, você comprar uma garrafa d’água geladinha e afogar a sede. Talvez seja esta uma das melhores sensações do mundo! Mas e depois, o que fazer com aquela garrafinha que armazenava o líquido precioso que o ajudou a matar a sede que corroía sua garganta? Bem... Naturalmente, você a joga fora, pois afinal, é apenas uma garrafa.

Nada melhor do que, depois de um fatídico dia rotineiro no trabalho, você encontrar aquela pessoa que você gosta tanto e passar um tempo juntos afim de esquecer o dia chato. Talvez seja esta também uma das melhores sensações do mundo! Mas e depois, o que fazer com aquela pessoa que representava tanta alegria e prazer quando ela já não tem mais do suco de felicidade? Bem... Esta questão é bem mais complicada do que a questão do que se fazer com uma garrafa.

Pessoas definitivamente não são como garrafas e não devem ser descartadas com a mesma facilidade que descartamos esses recipientes. Pessoas são dinâmicas, vivem mudando conforme as coisas acontecem, conforme o tempo vai passando. A tendência de todo ser humano é evoluir, sempre. Mas nem toda pessoa evolui. E estas simplesmente mudam, deixando de lado algumas coisas em favor de novas prioridades. São estes indivíduos que conseguem descartar pessoas como conseguem descartar uma simples garrafa d’água, depois de terem saciado sua sede.

Nossas vidas são feitas pelas nossas decisões e escolhas. O livre arbítrio é uma regra de ouro. Mas acima do livre arbítrio, mora o respeito, e este último é uma peça rara tanto à nível de sociedade, tanto à nível individual.
Quando conhecemos novos indivíduos, a tendência é sempre evoluir, já que mesclamos quem somos a essa nova forma de pensar e sentir. Mesmo que pareça imperceptível, sempre agregamos algo à alguém e de alguém.

Todos nós temos algo a oferecer, e seja lá o que for, esse algo sempre estará em jogo quando nos relacionamos.

Ainda mais relevante que os abonos que temos a oferecer aos outros, nós temos alguns desabonos, que nos fazem mais únicos do que nossas próprias qualidades. E é quando aprendemos a compreender o defeito alheio é que respeitamos e efetivamente criamos alguma ligação relevante com outro indivíduo.

Muitos tratam essa relação entre qualidades e defeitos com certo desdém, e impõem algumas preferências às qualidades, que numa primeira instância, são totalmente digeríveis. É um comportamento tão comum hoje em dia, que já deixou de ser condenável.

O suco de felicidade instantânea é o mais vendido em todos os lugares, onde reina a superficialidade e o prazer imediato. Os grandes problemas tendem a surgir quando essa sede é saciada, e a falta de respeito diante de um outro ser humano o transforma em apenas mais um produto não retornável e totalmente descartável.
Este é um câncer comportamental que vai se alastrar nos genes de nossos filhos e netos e além. Estamos diante de uma crise emocional gigantesca, que será devastadora apenas aos que ainda conseguem enxergar numa pessoa mais do que uma garrafa.

Um comentário:

Unknown disse...

O texto se resume assim, na minha opinião;
"As pessoas não são nobres desde o nascimento, mas se enobrecem através de suas ações. As pessoas não são medíocres desde o seu nascimento, mas tornam-se assim através de suas ações. Se existem alguma diferença entre as pessoas, então essa diferença está somente nas suas realizações. (Daisaku Ikeda)."